sábado, 29 de maio de 2010

Eu a puta

Um dia eu ouví de um poeta fantástisco chamado Antonio de Aruanda uma frase:

"Entre as pernas de uma mulher todo o homem é uma puta"

Sempre acreditei ser uma puta, nessas circunstância, uma coisa ótima. Com o tempo, essa frase foi se modificando na minha cabeça e eu comecei a impelí-la contra mim toda vez em que eu permitia que decidissem alguma coisa por mim. Não que isso tenha alguma coisa a ver com a frase, mas eu sou doente, fazer o que?

Toda vez que eu pensava:
"Eu não deveria ter feito isso. Fiz pra não acabar brigando com alguém. Vinha o pensamento: Eu sou uma puta".
"Eu não deveria ter comprado isso, fiz pra poder parecer mais legal. Eu sou uma puta".
e milhares de etcs.

Há uns 3 meses atrás, deixei de fazer aquilo que eu gosto de fazer.
Abandonei minhas produções e festas, pra administrar um caralho, numa cidade a 100 km de Salvador, por dinheiro.
Eu gostaria de dizer, que foi por acreditar, num novo mundo pra educação do país. Porra nenhuma. Me compraram. Disseram: -Eu te pago tanto e eu fui.
Claro que ninguém trai seu próprio caminho por dinheiro e sai por aí assoviando. As coisas não tendem a dar certo assim.
Metade do dinheiro e dos benefícios que me prometeram foram pro saco, por causa de um corte orçamentário de última hora, e eu, a puta, tive que fazer anal pelo mesmo preço do programa básico.
Eu me vendí por dinheiro e me odiei por isso. Não sei se vcs perceberam que eu tenho escrito pouco, mas foi basicamente por isso.

Eu não tinha nascido pra isso.

Eu tenho espírito empreendedor, de artista. Eu quero criar, inventar modificar as coisas ao meu redor e não ficar sentado numa merda de cadeira controlando a quantidade de letras que as pessoas digitam por dia.

Semana passada eu acordei e pensei:
"Quando Tony pensou no homem como uma puta não foi desse jeito. Eu tenho que voltar a ser uma puta poética e não uma vendedora de corpo que não beija nem goza".

Toquei o foda-se e larguei tudo. O que vem pela frente é uma total incógnita, mas eu estou feliz de novo. Me sinto vivo e não poderia deixar de compartilhar isso com vcs.

Antes porém, eu gostaria de dizer que não tenho nada contra quem vende o corpo em troca de dinheiro. Desde que a pessoa goze e goste do que faz. Eu admiro.

Inclusive é isso que eu pretendo fazer daqui pra frente. Trabalhar, gozar e ser feliz.

2 comentários:

Paulo Bono disse...

Vez em quando a gente vira puta e toma no cu.
o negócio é ir aprendendo.

abraço

luis santana disse...

E parceiro. Tambem cansei de ser puta! Ja engordei demais a carteira dos outros. To partindo pra outra tambem !!! Obrigado por estar sempre em sintonia literaria comigo.você praticamente escreve e a a realidade acompanha. Abracao!