Vcs se lembram de Pantaleão?
Aquele personagem de Chico Anísio que mentia como a porra? (pra quem não é baiano, ou nunca leu um dicionário de baianês, como a porra significa algo como muito).
Em Nazaré tem um. E dos grandes.
Começam aqui as aventuras de Jorge Cunha o Pantaleão de Nazaré.
Existem chatos e chatos (eu bem sei disso), existem mentirosos e mentirosos (Jorginho bem sabe disso) Jorge Cunha é um cara chato e mentiroso. Mais chato do que eu e um mentiroso ruim.
Existem mentirosos bacanas. Todos nós conhecemos um. O mentiroso bacana é aquele que aumenta um ponto e até inventa um conto, mas sempre, pro bem de uma boa piada, ou de uma informação divertidamente idiota, mas bem colocado na conversa. Esses são bem legais, a gente se diverte e pede pra ele contar novamente aquele caso, que mesmo sabendo que não aconteceu bem assim, sempre é muito divertido. Na verdade, o que interessa não é a veracidade, mas a narrativa.
Pois bem, Jorge não é assim. Ele chega perto da mesa escolhida e fica, tal qual um tigre a observar a presa, esperando que surja um papo em que ele possa colocar sua criatividade perversa em ação. Falou-se de carro, entra ele:
- Meu pai foi dono do primeiro Puma da Bahia. Era vermelho e eu, com 9 anos, pegava o carro todo dia pra comprar pão em Ilhéus. Um dia, um trator passou por cima de mim dirigindo o puma e meu pai disse que eu só pegaria de novo em carro quando fizesse 14 anos.
Claro que fica todo mundo com aquela sensação de vergonha alheia, mas fazer o que? O cara não pede licença pra sentar na mesa, não dá um boa noite e já vai soltando a metralhadora na cabeça dos pobres sentados. Só resta morrer. Ele nunca dá tempo de reação.
Até então.
Certo dia, estávamos eu, Sogrão, Zina (personagem folclórico de Nazaré), Lêda mulher do finado Jairo (personagem folclórico de Nazaré) e Caco que além de (personagem folclórico de Nazaré) também é jornalista amador, dono do jornal O Brado, e aspirante a historiador. Conversávamos sobre a idéia do atual prefeito de destruir a praça principal e reconstruí-la como era na década de 70. Todos conversavam animadamente, afinal a praça era muito mais bonita o que a atual.
E eis que surge ele. Quem? Pantaleão claro:
- Quem derrubou a praça foi Adalardo Nogueira em 1969.
- Quem Jorge? (a mesa em uníssono). |Pausa pra explicar que a história de Nazaré, ainda hoje pra mim, é matéria difícil de não se saber, a galera bacana da cidade tem mais de 50 anos e passa isso um pro outro em qualquer conversa. Logo, até eu sabia que quem mudou a praça foi Isaac Peixoto|. Voltemos.
- Adalardo em Julho de 1969.
- Vc tá maluco. Foi Isaac Peixoto e isso foi na década de 80. Falou Caco, com tanta certeza que sequer dirigiu o olho ao feroz tigre da mentira.
Sentindo-se acuado por todos, que na mesa repetiam Isaac, Isaac, ele, o Pantaleão Nazareno, saltou:
- Adalardo sim, é que em 69 ele fez só uma “mudançazinha”, depois Isaac mudou toda, mas vcs tão dizendo que eu não sei da história de Nazaré então me digam: |pausa 2 – essa resposta foi direcionada a mim, que enquanto se discutia sobre, fiquei gritando – pegue seu banquinho e saia de mansinho (idiota eu sei, mas irrita que é uma beleza, tente isso como eu fiz repetidamente com alguém em sua casa pra vc ver)|
- De quem era o carro que matou mariazinha aqui na praça nova? (houve um silêncio e nessa hora eu percebi a inversão da caçada. Eram eles que esperavam ele sair da toca.
- Deraldo Cardoso. A rural era de Deraldo que comprou na mão de papai. Uma rural amarela.
- De quem Jorge? Rita do Fórum (personagem folclórico de Nazaré) retrucou, tinha acabado de chegar a mesa e não conseguiu ficar calada.
- O carro era de Antonio Gerente do Banco do Brasil.
- Nada, era de papai
- Quer dizer que seu pai matou mariazinha? Lêda prendendo o riso.
- Não, papai não. Papai vendeu a Deraldo que matou mariazinha.
- Então vamos perguntar a Deraldo que tá vindo ali. Caco com transpirando uma vitória guardada há anos.
- Kd, Kd Kd? Nessa hora ninguém mais agüentava de rir e ele desmoralizado, mas guerreiro como sempre levantou:
- Mas e a primeira caçamba de lixo de Nazaré diga que não foi Adalardo. Ela tá aí até hoje.
- Sim foi Adalardo, mas ela tá aí onde? Me diga que isso dá uma matéria. Caco claro.
- Ta aí eu só não sei onde. Silêncio
...
...
...
Caco levantou pra se espreguiçar, Sogrão foi buscar outro whisk, Lêda foi no banheiro, Rita foi levar o neto pra passear. Eu fui embora e Zina deve tá lá até hoje. Zina é uma figura que merece um post só pra ela.
Depois de minha saída acho que ele deve ter tentado mais uma, mas pra mim não deu tenho cotas pra Jorge e a de 2009 já foi.
Sem mais, subscrevo.
2 comentários:
Tô em cólicas p saber quem, é esse ser... eu n conheço naum...
Se bem q lá, como ele, tem muitos...
Esses caras ACREDITAM no que que estão dizendo, Pablo. Para eles, são verdades puras. Como se fossem autistas.
abraço, velhão
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